ENTRE RUÍNAS E ARRANHA-CÉUS: pobreza e modernização no
discurso da imprensa escrita teresinense na década de 1970
Teresina; Imprensa escrita; Modernização; Representação.
Este trabalho tem como objetivo analisar as representações produzidas durante a década de 1970 sobre Teresina pelos editoriais de circulação na capital, previamente selecionados. A escrita jornalística é tomada, neste sentido, como fonte e objetivo de pesquisa tendo em vista o potencial analítico dos considerados “observadores atentos da cidade”, que produzem, consomem e dão a ver múltiplas cidades a partir de escolhas, interesses e visões de mundo que permeiam o lugar social e o tempo no qual se inscrevem. O recorte temporal delimitado apresenta-se, assim, como um período profícuo para refletir sobre as relações estabelecidas entre governo e imprensa escrita na medida em que o país e, consequentemente, o estado do Piauí vivenciavam a intensificação da ditadura militar e um acelerado processo de modernização que imprimira inúmeras mudanças no cenário urbano das capitais brasileiras, seja na paisagem arquitetônica, seja na face do citadino. Para tanto, foi realizada a identificação dos posicionamentos políticos e ideológicos do corpo editorial de cada jornal no que tange ao projeto de “desenvolvimento” e “modernização” empreendido na década de 1970. Tal proposta tem sido favorecida, ainda, pela análise de narrativas orais obtidas por meio de entrevistas feitas com jornalistas e profissionais da imprensa escrita que vivenciaram o período em questão e depositadas no Núcleo de História Oral da Universidade Federal do Piauí, além do uso da fotorreportagem como fonte possível de reflexão sobre o padrão de visualidade urbana produzido nos periódicos já mencionados. Ao seguir este percurso metodológico, tem-se como finalidade responder os seguintes questionamentos: que Teresina surge nas manchetes dos periódicos? Com que intenções? Com que efeitos? Quais os desdobramentos e contornos do discurso jornalístico? Como a relação imprensa/estado influencia o processo editorial? Como os jornalistas significam e (re)significam o processo histórico vivenciado na década de 1970