TERESINA (IN) DESEJADA E PULSANTE: Pobreza, Modernização e Memórias da capital na década De 1970
Teresina. Pobreza. Modernização. Cidade. História Oral.
Teresina, a cidade planejada para ser a capital do Piauí, carregou ao longo dos anos o signo da pobreza e do moderno. Este trabalho debruça-se sobre a década de 1970, momento em que a cidade viveu um turbilhão de mudanças estruturais e de embelezamento. Esse período também foi marcado pelo discurso político que objetivava apagar o passado pobre do estado, começando pela capital. As obras que trariam o progresso passaram a fazer parte do cotidiano da urbe e conviveram com a pobreza alastrada pelos bairros e em muitas áreas centrais. Nesse sentido, estudamos o uso e apropriação do espaço urbano de Teresina pelo chamado processo de modernização. Investigamos como a pobreza passou a ser objeto de discursos e práticas que desejavam excluí-la da área mais visível da cidade, ficando assim, distante dos olhares disciplinadores das elites econômica, política, social, intelectual e dos visitantes. Foi nesse contexto que optamos por nos debruçar e entender como o Mercado Velho Central foi usado como vetor, pelo poder público, para modernizar o perímetro urbano central, assim como moldar e civilizar os pobres que ali trabalhavam. Os processos de modernização são a princípio caracterizados pelas mudanças urbanísticas da cidade e depois aparecem como uma justificativa para jogar a pobreza cada vez mais longe do centro. Os anos de 1970 foram marcados pela estrutura de concreto, palco de luta pelos espaços centrais da cidade. Mudanças sem fumaça e com muito cimento. Para a construção do presente trabalho recorremos ao diálogo entre fontes hemerográficas, oficiais e orais. Os jornais, de circulação diária, Mensagens do Estado e Municipais e entrevistas realizadas por meio da metodologia da História Oral.