O câncer colorretal (CCR) é o segundo tipo de tumor mais incidente no mundo. Entre as opções de tratamento, a quimioterapia citotóxica com 5-fluoruracila, leucovorina e oxaliplatina (esquema FOLFOX) é a principal abordagem. No entanto, além da eficácia limitada, esses fármacos estão associados a efeitos tóxicos significativos, como dor neuropática e cardiotoxicidade. Assim, pesquisas científicas têm se destacado globalmente ao buscar otimizar a eficácia da quimioterapia no CCR, bem como, minimizar seus efeitos adversos e tóxicos. Nosso grupo de pesquisa tem demonstrado que a fração proteolítica P1G10, obtida do látex de Vasconcellea cundinamarcensis, apresenta atividade antitumoral em modelos murinos de melanoma, mama e cólon, além de ação antiinflamatória em modelo murino de colite induzida por ácido trinitrobenzenosulfônico (TNBS). Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo avaliar o efeito da P1G10, livre ou associada à beta-ciclodextrina (βCD@P1G10), em modelos de dor neuropática e cardiotoxicidade induzidas por quimioterápicos. Após padronização, o modelo de dor neuropática foi induzido em camundongos Balb/c com oxaliplatina 6 mg/kg via intraperitoneal (i. p.) por 4 dias consecutivos. A partir do 9º dia, foram tratados diariamente por via oral (v. o.) com P1G10 ou βCD@P1G10 (0,1; 1,0; 10,0 mg/Kg) por 11 dias. O limiar nociceptivo mecânico (LNM) foi mensurado pelo teste de von Frey em dias alternados, a partir do 9º dia. Ademais, após padronização, a cardiotoxicidade foi induzida em camundongos Balb/c com 5-fluoruracila (5-FU) 30 mg/Kg, i. p, por 7 dias. O tratamento com P1G10 ou βCD@P1G10 (0.1, 1.0, 10.0 mg/Kg, v. o.) foi consecutivo à indução da cadiotoxicidade. No 8º dia, foi realizado o eletrocardiograma (ECG) para avaliar a função cardíaca. Além disso, foram avaliados no coração e/ou fígado os níveis de glutationa reduzida (GSH), mieloperoxidase (MPO), N-acetil-β-D-glicosaminidase (NAG) e creatina quinase MB (CK-MB). O tratamento oral com P1G10 livre ou βCD@P1G10 apresentou efeito anticonceptivo nas dose de 0.1 mg/KG (P1G10) e 0.1, 1.0 e 10.0 mg/Kg (βCD@P1G10). Adicionalmente, o tratamento oral com P1G10 livre ou βCD@P1G10 previne a toxicidade cardíaca induzida por 5-FU, evidenciado pela melhora dos parâmetros do ECG, redução do estresse oxidativo e inflamação. Em conclusão, P1G10 e βCD@P1G10 possuem efeito antinociceptivo e cardioprotetor sobre os efeitos tóxicos causados pela oxaliplatina e 5-FU, e a associação com beta-ciclodextrina potencializa a eficácia da fração proteolítica.