Os programas de residência têm como foco a formação por meio da prática assistencial, na qual os residentes são expostos a condições adversas que podem impactar negativamente na sua qualidade de vida. Estudo descritivo-analítico com delineamento transversal, que objetivou avaliar a qualidade de vida de residentes inseridos em programas de residência da área da saúde. Os participantes foram 149 residentes de programas de uma instituição de ensino superior pública na cidade de Teresina-PI, que responderam ao questionário composto por dados sociodemográficos, ocupacional, hábitos de vida e de saúde e o formulário WHOQOL-Bref, ambos autoaplicáveis. A coleta de dados ocorreu no período de maio a setembro de 2017. Os dados foram analisados por meio dos softwares: R x64 versão 3.4.0, LibreOffice Calc versão 5.3.3.2 e PSPP versão 3, sendo realizadas análises descritivas e inferenciais. Para comparar médias ou verificar as diferenças foram utilizados testes paramétricos (teste t, ANOVA e teste Turkey) e, quando a distribuição não foi normal os substitutos não paramétricos (Mann-Whitney e Kruskal Wallis). O nível de significância utilizado foi de 5% para todos os testes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí com o parecer n° 2.061.414. Dos participantes, 57,7% eram do sexo feminino, com idade média de 27,37 ± 3,35 anos; 69,8% eram solteiros; 83,2% sem filhos e 49% autodeclararam-se brancos. Foi identificado que 66,4% dos residentes estavam inseridos nos programas de residência médicas; 18,8% no multiprofissional, 10,7% em área profissional da saúde-Enfermagem Obstétrica e 4% no uniprofissional. Quanto ao tempo de formação, a média foi de 2,82 ± 1,95 anos. Estavam no primeiro ano de residência (43,6%). A qualidade de vida total apresentou escore de 3,39 ± 0,50, no domínio físico 3,51 ± 0,62, no psicológico 3,48 ± 0,62, no de relações sociais 3,55 ± 0,72 e no de meio ambiente 3,41 ± 0,48. A percepção da qualidade de vida apresentou escore de 3,30 ± 0,95 e satisfação com a saúde 3,38 ± 0,99. Na análise das facetas que compõem os domínios desatacou-se: no domínio físico, dor física (2,12 ± 0,96); tratamento médico (2,01 ± 1,06) e sono (2,68 ± 1,07); no domínio psicológico, aproveitar a vida (2,91± 0,82) e sentimentos negativos (2,64 ± 1,03) e no domínio meio ambiente, o ambiente físico (2,98 ± 0,90) e o lazer (2,58 ± 0,75). Houve associação significativa entre o sexo e a qualidade de vida total (p <0,01), a percepção da qualidade de vida (p <0,01), nos domínios: físico (0,005), psicológico (0,002) e meio ambiente (0,04) nos quais as mulheres apresentaram escores inferiores aos dos homens. Foi observada diferença significativa na qualidade de vida geral (p= 0,03) e no domínio psicológico (p= 0,038) em relação ao estado civil, no qual os residentes em união estável apresentaram menores escores. Foi identificada associação significativa em relação ao período da residência, pois os residentes do segundo ano obtiveram os menores escores nos domínios: físico (p=0,02) e psicológico (p=0,007). Os residentes inseridos nos programas de residências de especialidades médicas cirúrgicas obtiveram melhor média (3,79) de qualidade de vida, enquanto os pertencentes ao programa multiprofissional a menor média (3,25). A análise geral da qualidade de vida e todos os seus domínios apresentaram uma boa média. O sexo feminino apresentou pior qualidade de vida geral, na auto avaliação da percepção da qualidade de vida e nos domínios físico, psicológico e meio ambiente.