Introdução: Apesar dos diversos benefícios que a pesquisa traz para o desenvolvimento do País, é importante destacar que a pós-graduação é uma realidade complexa, principalmente para os estudantes, os quais são expostos a diversos estressores que podem contribuir para o surgimento de sofrimento mental e comportamento suicida nessa população. Assim, tem-se como questão de pesquisa: qual a prevalência de sofrimento mental, comportamento suicida e fatores associados em pós-graduandos stricto sensu? Objetivos: avaliar a presença de sofrimento mental, comportamento suicida e fatores associados em pós-graduandos stricto sensu. Metodologia: trata-se de estudo analítico e transversal, desenvolvido com 227 estudantes de pós-graduação de uma universidade pública do estado do Piauí. A coleta de dados ocorreu entre os meses de fevereiro e agosto de 2019, por meio da aplicação de dois instrumentos: Self Report Questionnaire (SRQ-20), Beck Scale for Suicide Ideation (BSI) e um questionário próprio elaborado pelas pesquisadoras. Para a análise estatística, utilizou-se o software Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 22.0. Para comparar as variáveis categóricas, utilizou-se o teste qui quadrado (x²) e o teste exato de Fischer. O teste de Kolmogorov-Smirnov, o teste não paramétrico de Mann-Whitney, o teste de Kruskal-Wallis e o coeficiente de correlação de Spearman também foram utilizados neste estudo. Resultados: os dados revelaram que a população se constituiu, em sua maioria, de mulheres (63%), jovens (90,7%), do Centro de Ciências da Saúde (26,4%), solteiras, divorciadas ou separadas (74%), sem filhos (80,5%), com renda familiar ≥5 salários mínimos (43,9%) e que seguiam a religião católica (77,3%). A maioria cursava o mestrado (74,4%), recebia bolsa de estudo (61,7%), estava no segundo ano (89,4%) e não exercia outra ocupação além da pós-graduação (55,8%). Quanto à presença de sofrimento mental, essa foi encontrada em 46,7% da amostra deste estudo e associou-se significativamente ao sexo, faixa etária, ser aluno bolsista, o nível da pós-graduação, ter apresentado pensamento suicida em algum momento da vida, relacionamento familiar insatisfatório, não receber apoio dos amigos, dificuldade de se relacionar com as pessoas, sentir-se estressado com frequência, não conseguir conciliar estudos com lazer, insatisfação com o tema da pesquisa e o relacionamento com os colegas. Dados referentes ao comportamento suicida revelaram que 1,8% relataram pensamento suicida atual, 32,2% apresentaram pensamentos suicidas ao longo da vida, 19,4% fizeram planos de dar fim à própria vida e 6,8% já haviam tentado suicídio. A prevalência de ideação suicida na semana anterior rastreada pela BSI foi de 6,6%; destes, 5,73% apresentaram ideação suicida moderada a grave. Evidenciou-se que houve associação com o sexo, faixa etária, o tipo de religião, diagnóstico de transtorno mental em algum momento da vida, realização de tratamento, histórico familiar de suicídio/tentativa, relacionamento familiar, presença de estresse, dificuldade de se relacionar com as pessoas, ter vivenciado alguma situação de humilhação cometida pelo orientador, relacionamento com os colegas e sentir-se em um ambiente competitivo. Conclusão: Os resultados encontrados chamam a atenção para os níveis elevados de sofrimento mental e comportamento suicida nos estudantes de pós-graduação. Destaca-se a necessidade de implementação de ações e políticas direcionadas para promoção da saúde mental e prevenção dos agravos psíquicos voltados para a população universitária, especialmente para discentes dos programas de pós-graduação.