Anacardium occidentale L., popularmente conhecido como cajueiro, é uma espécie frutífera tropical de grande relevância econômica, especialmente no nordeste do Brasil. O cajueiro produz um fruto composto pela castanha (fruto verdadeiro) e pelo pseudofruto (hipocarpo). A cajuína, um suco clarificado derivado do hipocarpo, tem ganhado destaque por seu potencial nutricional e bioativo. Este produto é apreciado não apenas pelo sabor, mas também pelos seus benefícios à saúde. No entanto, a cajuína enfrenta desafios relacionados à padronização e à preservação de seus valores nutricionais, o que é crucial para sua aceitação no mercado e para garantir a qualidade do produto final. Este estudo objetivou realizar uma revisão sistemática da literatura sobre o potencial biológico do hipocarpo de A. occidentale, além de analisar a composição química, o potencial antioxidante e a atividade antibacteriana da cajuína, bem como avaliar a degradação do ácido ascórbico em sucos clarificados de caju sob diferentes condições de armazenamento. A revisão seguiu as diretrizes do PRISMA, utilizando artigos das bases Web of Science e PubMed, sem restrição temporal. Para as análises de teor de ácido ascórbico, amostras de suco fresco e cajuína recém-produzida foram fornecidas por uma empresa de cajucultura local. O teor de ácido ascórbico foi determinado por oxidação-redução com iodato de potássio. A atividade antioxidante foi determinada através do método de captura dos radicais 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH). Para o teste de atividade antibacteriana, utilizou-se o método de microdiluição em placa de 96 poços. A revisão identificou 25 estudos que confirmaram a riqueza do hipocarpo em compostos fenólicos, ácido ascórbico e carotenoides, com atividades antioxidante, anti-inflamatória, cicatrizante, anti-hipercolesterol, antimutagênica, prebiótica e antibacteriana. A cajuína apresentou baixa capacidade antioxidante, com IC50 de 131,21 µg/mL e IAA 0,30. Apenas as cepas de S. aureus (ATCC 43300) foram sensíveis a cajuína, com concentração bactericida mínima de 16 mg/mL-1. Na análise do teor de ácido ascórbico, o suco fresco apresentou 272,98 mg/mL de ácido ascórbico, enquanto a cajuína recém-produzida teve 195,49 mg/mL (28% de perda). A exposição à luz reduziu para 160,26 mg/mL (18% de redução), enquanto a cajuína protegida apresentou 184,92 mg/mL (5,4% de redução). O hipocarpo de A. occidentale demonstra grande potencial para uso em fitoterápicos e suplementos, mas mais pesquisas são necessárias para otimizar sua utilização. A cajuína, apesar de rica em nutrientes, sofre significativa degradação do ácido ascórbico ao longo do tempo, especialmente quando exposta à luz, destacando a importância de práticas eficazes de processamento e armazenamento para preservar seus nutrientes e qualidade.