O microambiente tumoral consiste em uma população diversa de células, que contam com a presença de células imunes que podem apoiar ou inibir o crescimento do tumor. A infiltração de células do sistema imunológico no ambiente tumoral é um indicador confiável de resposta à imunoterapias. Estudos que busquem novas formas de tratamento, principalmente com alvo em componentes naturais do corpo humano, como as células imunes, estão em grande avanço. Os polissacarídeos naturais (PS) são compostos que possuem numerosas atividades biológicas nas mais diversas áreas, e podem apresentar atividade contra células tumorais por meio da ativação e modulação do sistema imunológico. A goma do cajueiro, já foi descrita com potencial antitumoral frente a linhagem de melanoma B16F-10 in vivo. No entanto, ainda não foi descrito seu envolvimento com o sistema imune na inibição tumoral. Assim, este trabalho teve como objetivo demonstrar o perfil de células imunes presentes no tecido durante o processo de carcinogênese, e como estas células podem influenciar no crescimento tumoral, em um modelo de câncer renal espontâneo. Além de analisar a atividade antitumoral da Goma do cajueiro (GC) isolada e em combinação com quimioterápicos e sua relação com células do sistema imune para o potencial antitumoral. Utilizou-se três modelos animais diferentes. O primeiro modelo utilizou uma tecnologia genética para deleção dos genes Vhl, Hif1α, Hif2α e Pbrm1, a partir da técnica de Cre recombinase induzida por tamoxifeno em células epiteliais renais, para entender a composição do tecido renal em relação a infiltração imune. As análises foram realizadas a partir da utilização de imunohistoquímica para marcação de células dos sitema imune e de proliferação celular. Os dados foram quantificados e analisados estatisticamente para comparação entre os grupos. O segundo e terceiro modelos utilizaram células de melanoma metastático murino (B16F10) e carcinoma de cólon humano (HCT-116) inoculados subcutaneamente em camundongos Black (C57BL/6) e SCID CB17 (camundongos imunossuprimidos para linfócitos B e T), respectivamente. Nos dois últimos modelos, os animais foram agrupados para determinar os tratamentos, incluindo: PBS ou Salina como controle negativo, Ciclofosfamida (10 mg/kg/dia) para o modelo de melanoma e 5-Fluorouracil (7,5 e 15 mg/kg/dia) para o modelo de cólon, como controle positivo, duas doses de GC (50 e 100 mg/kg/dia) e uma combinação da menor dose de polissacarídeo com a menor dose do quimioterápico para ambos os modelos. Após o período de tratamento de 14 dias, os animais foram eutanasiados e o material foi coletado para posteriores análises sanguíneas, histológicas, citometria de fluxo, ELISA, Imunofluorescência, Imunohistoquímica e qRT-PCR. O primeiro estudo mostrou o aumento da infiltração imune após a deleção do gene Vhl, indicativo da influência no sistema imunológico, além disso observou-se a composição deste tecido com sinais indicativos do crescimento do tumor. No modelo de melanoma a GC aumentou a quantidade de leucócitos, mesmo na presença da ciclofosfamida, influenciando a ativação de macrófagos associados ao tumor (TAM), aumentando a expressão de Il4 e reduzindo a expressão dos genes Ifng, Il1b, Tgfb e Il6, mantendo a atividade antitumoral. Já no modelo de câncer de cólon, a GC isolada e em combinação manteve a atividade antitumoral apresentada previamente, e a combinação de tratamentos, além de induzir aumento da infiltração de macrófagos, promoveu redução da proliferação celular e diminuição do processo de angiogênese, a partir da redução da expressão de CD31 e α-SMA. Estes resultados indicam importantes avanços para a possível aplicação da goma do cajueiro para o tratamento do câncer, com foco na modulação do sistema imune, indicando uma boa aplicabilidade deste material em sistemas biotecnológicos.