O câncer colorretal (CCR) é a terceira causa mais comum de câncer e a segunda principal de mortes relacionadas à doença no mundo. Caracterizado pela progressão de células epiteliais hiperplásicas para adenomas e, posteriormente, adenocarcinoma, o CCR frequentemente apresenta metástases no fígado e pulmões, complicando as opções terapêuticas. Os tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia, apresentam limitações devido à toxicidade e à resistência das células tumorais, tornando urgente a busca por terapias mais eficazes e seguras. Compostos naturais, como as quinonas, vêm ganhando destaque por suas propriedades biológicas, incluindo efeitos anticâncer associados a modulação redox e a indução de estresse oxidativo. Neste trabalho, o potencial antitumoral da Cordiaquinona B, uma naftoquinona isolada de Varronia dardani (Taroda), foi investigado em diferentes modelos celulares e animal. Os experimentos in vitro foram realizados em culturas de células tumorais bidimensionais 2D (HCT-116, NCI-H460, HT-29, MDA-MB-231 e linhagens leucêmicas), utilizando ensaios de viabilidade celular como MTT e Alamar Blue. Posteriormente, foi escolhida a linhagem de adenocarcinoma colorretal humano (HCT-116) para dar prosseguimento aos experimentos de mecanismo de ação, visto sua maior sensibilidade. A morfologia celular foi avaliada a partir do ensaio de panótico rápido e as análises de morte e ciclo celular foram conduzidas por citometria de fluxo, avaliando proteínas associadas à morte celular e ao estresse oxidativo. Modelos tridimensionais de esferóides HCT-116 foram utilizados para simular o microambiente tumoral, aproximando-se assim de testes in vivo, enquanto nestes foram utilizados camundongos imunodeficientes CB17-SCID inoculados com células HCT-116. Ensaios de hemólise utilizando eritrócitos humanos e análises hematológicas dos órgãos dos camundongos também foram conduzidos para verificar a toxicidade sistêmica do tratamento. Os resultados demonstraram que a Cordiaquinona B induziu apoptose mediada por estresse oxidativo mitocondrial nesta linhagem. Foi detectado aumento de superóxido mitocondrial nas células tratadas, e o pré-tratamento com antioxidantes como N-acetil-cisteína (NAC) reverteu os efeitos citotóxicos e apoptóticos, confirmando a relação com espécies reativas de oxigênio. Os testes de hemólise demonstraram que a Cordiaquinona B não induziu lise de eritrócitos humanos, indicando baixa toxicidade em células saudáveis. Em modelos tridimensionais de esferoides tumorais HCT-116, observou-se uma redução de 30% no tamanho dos esferoides após o tratamento. Nos estudos in vivo, a Cordiaquinona B na dose de 3mg∕kg∕dia inibiu 42,6% do crescimento tumoral sem causar toxicidade aos órgãos ou alterações significativas nos parâmetros hematológicos dos camundongos. Esses resultados demonstram o elevado potencial antitumoral da Cordiaquinona B, que combina eficácia contra o CCR com baixa toxicidade sistêmica. O estudo destaca sua relevância como um candidato promissor para o desenvolvimento de novas terapias contra o câncer colorretal, contribuindo para avanços no tratamento desta malignidade e para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.