A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma condição desenvolvida quando o refluxo do conteúdo gastroduodenal causa sintomas incômodos e complicações. Alternativas terapêuticas devem ser consideradas, uma vez que há relatos de eventos refratários com a utilização de Inibidores de bomba de prótons, terapia considerada padrão-ouro. Além disso, esses fármacos não tem uma resposta evidente no quadro inflamatório e na atividade da pepsina, elementos importantes na fisiopatologia da DRGE. O Kefir é uma bebida láctea fermentada, obtido a partir de grãos de Kefir, que compreendem em microrganismos existentes em uma matriz complexa de proteínas e polissacarídeos. Com relação ao trato gastrointestinal, há relatos apontando os seus efeitos benéficos em modelos experimentais de úlcera gástrica, colite ulcerativa e esofagite corrosiva. Portanto, objetivou-se investigar o efeito esofagoprotetor do Kefir, em diferentes parâmetros fisiopatológicos da DRGE. Para avaliar a atividade esofagoprotetora do Kefir em ratos, foi utilizado um modelo experimental cirúrgico de esofagite erosiva (EE). Antes da cirurgia, os animais foram divididos em quatro grupos: (1) ratos controle normais (Sham); (2) ratos esofagite erosiva (EE); (3) ratos EE tratados com 1 ml de alginato comercial,via oral (v.o) ; (4) ratos EE tratados com 1 ml de Kefir, v.o. O tratamento foi realizado durante sete dias. Para a realização do procedimento cirúrgico os animais foram anestesiados e realizou-se uma estenose pilórica seguida de ligadura do fundo gástrico. Após 10h, os animais foram eutanasiados, amostras do tecido esofágico foram retirados para avaliação do peso úmido, análise macroscópica (software ImageJ®), análise histoquímica de ácido periódico de Schiff (PAS), análise histomorfométrica, bem como, para avaliação dos níveis de mieloperoxidase (MPO) e malondialdeído (MDA). Em uma segunda abordagem experimental, avaliou-se os efeitos do Kefir em comparação e em combinação com Omeprazol, utilizando o desing experimental realizado anteriormente, com os seguintes grupos: (1) Sham; (2) ratos EE; (3) ratos EE tratados com Omeprazol (40 mg/Kg), v.o; (4) ratos EE tratados com 1 ml de Kefir v.o e (5) ratos EE tratados com Omeprazol (40 mg/Kg) + 1 ml de Kefir, v.o. Posteriormente, os animais foram eutanasiados, amostras de esôfago foram retirados para avaliação do peso úmido, bem como, MPO e MDA. A partir da análise macroscópica e análise histoquímica de PAS, verificou-se que os animais do grupo EE apresentaram ulcerações longitudinais graves e redução do conteúdo de muco, com melhora substancial no índice de lesão macroscópica além da preservação da camada mucosa no grupo pré-tratado com Kefir. A avaliação histomorfométrica evidenciou manutenção da microarquitetura epitelial com a administração do Kefir. Além disso, o pré-tratamento com Kefir promoveu a diminuição significativa dos níveis de MDA, bem como, peso úmido e MPO quando comparado ao grupo EE. No segundo set experimental, constatou-se melhores resultados no grupo na qual o Kefir foi administrado como terapia adjuvante ao Omeprazol, com redução significativa nos indíces de peso úmido, MPO e MDA. Os resultados encontrados até o presente momento são promissores, fornecendo insights sobre o potencial do Kefir na atenuação de parâmetros importantes envolvidos na fisiopatologia da DRGE. Nossos dados ampliam a compreensão da aplicação deste simbiótico seguro como uma alternativa eficaz ou opção complementar aos tratamentos convencionais de DRGE. Nessa perspectiva, torna-se importante realizar sua investigação em outras abordagens experimentais que possam elucidar nossos achados.