O câncer é uma das principais causas de mortalidade no mundo representando um grande desafio para a saúde pública devido à sua complexidade e diversidade biológica. A ocorrência de metástases é responsável por mais de 90% das mortes relacionadas à esta doença e a terapia convencional ainda apresenta várias limitações quanto a sua aplicação na clínica. Assim, investir na identificação e validação de novas moléculas é um passo crucial para enfrentar os desafios impostos por essa doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os arabinogalactanos são polissacarídeos com propriedades imunomoduladoras encontrados em diferentes fontes. Eles estimulam o sistema imunológico ao ativar macrófagos, linfócitos e outras células imunes, promovendo uma resposta mais eficaz contra infecções e doenças. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi explorar o potencial antitumoral e antimetastático in vivo da goma do angico vermelho (GAV) por meio da modulação do sistema imune como um recurso terapêutico. Além disso, outro alvo da pesquisa foi realizar um processo de aminação, obtendo-se um derivado novo, a goma do angico aminada (GAA) ao qual foi investigado o perfil citotóxico e biocompatibilidade in vitro. Os efeitos antitumorais e antimetastáticos da GAV foram realizados em um modelo de xenoenxerto de carcinoma colorretal humano (HCT-116) e o potencial citotóxico da GAA foi investigado em um painel de células tumorais. Para explorar tais potenciais foram realizadas análise da inibição tumoral, análise de focos metastáticos pulmonares, peso relativo dos órgãos, análises histopatológicas, imunofluorescência, analise elementar, MTT, ensaio de alamar blue e ensaio de hemólise. Os resultados demonstraram um percentual de inibição tumoral de 63,3% e 62,7% nas doses de 50 e 100 mg/kg/dia, respectivamente, com a maior dose inibindo focos metastáticos pulmonares. O perfil de macrófagos ativados foi evidenciado de forma significativa um maior recrutamento e polarização para um fenótipo M1, por meio de um aumento da expressão e quantificação de F4/80, TNF-α, IL-12β após administração da GAV. As análises do peso relativo dos órgãos e histopatológico não demonstraram alterações tóxicas nos animais. No processo de modificação, a analise elementar indicou a presença de até 4,04% de nitrogênio o que difere da GAV natural que tem apenas 0,23%. A citotoxicidade da goma aminada apresentou uma CI50 variando de 0,8 – 3,3 mg/mL para as linhagens B16-F10, HCT-116, CT26.WT e S180, enquanto a goma natural não foi citotóxica nem na maior concentração testada de 50 mg/mL. Além disso, não houve hemólise nos eritrócitos humanos, mostrando-se um derivado biocompatível. Estes resultados demonstram os efeitos promissores que a goma do angico natural e seus derivados apresentam e tornam-se candidatos atrativos para a pesquisa biomédica.