A Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma condição prevalente que causa sintomas e/ou erosões na mucosa esofágica, devido ao refluxo do conteúdo gastroduodenal. Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) são considerados a terapia padrão-ouro, mas podem causar efeitos adversos graves, além disso não atuam diretamente na resposta inflamatória, considerado o evento mediador no processo fisiopatológico. Em busca de alternativas terapêuticas seguras e eficazes, este estudo investigou o potencial da Spirulina (Arthrospira platensis), uma cianobactéria rica em compostos antioxidantes e anti-inflamatórios, no tratamento da esofagite erosiva. A cepa de Spirulina utilizada foi cultivada e preparada para o uso experimental, apresentando os seguintes valores nutricionais: proteína (63%), carboidratos (20,9%), minerais (9,31%) e lipídios (5,37%). O experimento foi conduzido em duas abordagens experimentais. Inicialmente, ratos machos Wistar foram distribuídos nos seguintes grupos: controle (sham), esofagite erosiva (EE), Spirulina (500 mg/kg durante 2 meses) e alginato (1,5 mL). Após a indução da EE, os animais foram eutanasiados e o esôfago coletado para análise macroscópica, avaliação de edema esofágico, níveis de mieloperoxidase (MPO), malondialdeído (MDA), avaliação histoquímica de PAS e análise histomorfométrica. No segundo ciclo experimental, verificou-se os efeitos da Spirulina em comparação e em combinação com Omeprazol. Neste sentido, os animais foram distribuídos em cinco grupos: Sham; EE; omeprazol (40mg/kg) via oral; Spirulina (500mg/kg) via oral; Spirulina + Omeprazol. Em nossos resultados, os animais do grupo EE apresentaram aumento significativo do índice de lesão esofágica, edema esofágico, nos níveis de MPO e MDA, havendo diminuição significativa com o pré-tratamento com Spirulina. De acordo com avaliação histoquímica e histomorfométrica o pré-tratamento com Spirulina promoveu a preservação do muco e da microarquitetura do epitélio esofágico. No segundo ensaio experimental, verificou-se melhores resultados no grupo submetido a terapia combinada de Spirulina e Omeprazol, em comparação aos demais grupos experimentais, com redução significativa dos níveis de MPO, MDA e peso úmido esofágico. Esses resultados sugerem que suplementação com Spirulina pode auxiliar no tratamento terapêutico da DRGE em complemento ao omeprazol. Devido as propriedades antioxidantes da Spirulina, que neutralizam espécies reativas de oxigênio e protegem contra o dano oxidativo celular provocado pelo refluxo gástrico. Portanto, fica evidente que a Spirulina possui um potencial terapêutico promissor para o tratamento da esofagite erosiva, oferecendo uma alternativa segura aos tratamentos convencionais. Novos estudos são necessários para validar esses achados e explorar ainda mais o mecanismo de ação da Spirulina em condições inflamatórias do trato gastrointestinal.