A diarreia é uma condição gastrointestinal comum que afeta pessoas em todo o mundo, apresentando diversas causas e manifestações clínicas. O objetivo dessa pesquisa é explorar atividades biológicas de frações da goma do cajueiro (GC) dividida em dois capítulos. Capítulo um aborda análises realizadas por acoplamento molecular, predição e ensaio in vitro de interações de glico-porções da GC e receptores envolvidos na fisiopatologia da cólera. Capítulo dois evidencia a produção e caracterização de derivados da GC e sua atividade modulatória da microbiota intestinal em modelo de infecção por E. coli produtora de toxina Shiga (ECTS). Os cálculos de acoplamento molecular foram realizados utilizando o software AutoDock Vina. As estruturas 3D de todos os alvos foram obtidas do Protein Data Bank. Os ligantes e proteínas foram preparados para cálculos com AutoDock Tools (ADT). Para o ensaio in vitro foi realizado ELISA dependente de GM1. Os resultados de dacoplamento molecular demonstraram que aminoácidos presentes nas GC podem exibir interações com a toxina colérica (CT), com melhores energias de ligação entre o monossacarídeo ácido glicurônico (GLCA) e o dissacarídeo arabinose-galactose (ARA-GAL). Verificou-se também interações das glico-porções com o receptor GM1 e o canal CFTR, norteando potenciais efeitos terapêuticos na modulação desses alvos para mitigar os sintomas da cólera. As propriedades farmacocinéticas e o perfil de segurança previstas de GLCA e βGAL-GAL indicaram a sua adequação para diversas aplicações biotecnológicas e o seu potencial para uso clínico. O ensaio ELISA demonstrou ligações dos monossacarídeos com GM1. Os achados do presente estudo predizem que os componentes da GC apresentam-se como novas alternativas terapêuticas promissoras na formulação de medicamentos para o combate à cólera. Foram obtidos fragmentos de CG a partir da degradação de Smith e hidrólise parcial: hidrólise de CG por 24 horas (CGH24) degradação de CG por 48 horas (CGD48) e caracterizados por Ressonância Magnética Nuclear (RMN), QSQC, massa molar, Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier (FTIR) e titulação. Foram feitos dois ensaios experimentais. O 1° Os animais receberam seus respectivos compostos por 26 dias (GC-1.200 mg/kg; CGH24-0,8 mg/kg e GCD48-0,8 mg/kg), e do 27º ao 29º dia receberam ECTS na dose de 5 x 10¹⁰ unidades formadoras de colônias (100 µL v. o). Após a eutanásia no 30º dia, amostras de fezes foram coletadas para verificar o perfil microbiano e conteúdo cecal para análises de unidades formadoras de colônia (UFC). No 2° Os animais receberam os polímeros por 10 dias e no 11° ao 13° dia receberam ECTS na dose de 5 x 10¹⁰ e tecidos intestinais foram coletados para verificar a expressão de mucina e superóxido dismutase (SOD). Foi observado que GCH24 e GCD48 modularam a microbiota intestinal de forma benéfica na ausência e presença de infecção por ECTS e reduziram a colonização de ECTS na região cecal. Os compostos também preservaram os níveis de mucinas neutras e ácidas no ceco, bem como os níveis de superóxido dismutase (SOD) no intestino grosso e ceco. Essas descobertas revelam que os derivados de GC apresentam um efeito modulador na microbiota intestinal, mas estudos adicionais devem ser realizados para verificar quais mecanismos podem estar envolvidos.