A cajuína, suco clarificado derivado do pseudofruto (hipocarpo) de Anacardium occidentale L. (cajueiro), uma frutífera tropical de grande importância econômica, especialmente no nordeste do Brasil, destaca se por suas propriedades nutricionais, porém enfrenta desafios relacionados à padronização e preservação de seus compostos bioativos. Objetivou-se, com esse estudo, realizar uma revisão sistemática sobre o potencial biológico do hipocarpo de A. occidentale, analisar a composição química, o potencial antioxidante e a atividade antibacteriana de cajuína, além de investigar a degradação do ácido ascórbico em sucos clarificados de caju sob diferentes condições de armazenamento. A revisão seguiu as diretrizes do PRISMA e incluiu artigos das bases Web of Science e PubMed. O teor de ácido ascórbico foi determinado por titulação iodométrica, enquanto os constituintes químicos da cajuína foram investigados por fitoquímica qualitativa e quantitativa. A atividade antioxidante foi determinada pelo ensaio de captura de radicais livres (DPPH) e a atividade antibacteriana pela técnica de microdiluição em caldo. O estudo sistemático identificou 25 estudos que confirmaram a riqueza do hipocarpo em compostos fenólicos, ácido ascórbico e carotenoides, com atividades antioxidantes, anti-inflamatórias e antibacterianas. O teor de ácido ascórbico apresentou uma redução de 272,98 mg/mL no suco fresco para 195,49 mg/mL na cajuína recém-produzida. Após 5 meses de armazenamento, a exposição à luz reduziu esse teor para 160,26 mg/mL, enquanto a cajuína armazenada em ambiente protegido resultou em uma menor perda (184,92 mg/mL). A fitoquímica identificou fenóis, taninos e açúcares redutores. A cajuína apresentou 167,5 mg/g de compostos fenólicos, mas menores concentrações de flavonoides (3,52 mg/g) e taninos (27,2 mg/g), indicando perdas no processamento. A análise por FTIR confirmou grupos funcionais bioativos, como fenóis, hidroxilas e éteres. A capacidade antioxidante total foi baixa (IC50: 131,21 µg/mL; IAA: 0,30), e a cajuína inibiu a Staphylococcus aureus (ATCC 43330) (CIM: 16 µg/mL), sem efeito em outras cepas. Apesar de a pasteurização garantir a segurança microbiológica, ela reduz os compostos bioativos. A otimização do processamento pode preservar metabólitos secundários e potencializar as propriedades antioxidantes e antibacterianas, aumentando o valor nutricional e funcional da cajuína.