A resistência bacteriana tem se consolidado como uma das principais ameaças à saúde pública,
dificultando progressivamente o tratamento de infecções com antibióticos convencionais. Diante
desse cenário, este trabalho teve como objetivo sintetizar derivados esterificados a partir das
gomas do cajueiro (GC) e do angico (GA), utilizando anidrido maleico, e avaliar suas
propriedades antibacterianas, antioxidantes e hemocompatibilidade. A modificação química foi
confirmada por Espectroscopia no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR), com o
aparecimento de bandas de absorção em 1715 cm−1 e 1635 cm−1, indicativas da presença de
grupos carbonila (C=O), o que confirma a formação de ésteres e ácidos carboxílicos. O grau de
substituição (GS), determinado por retrotitulação, mostrou nos derivados da GC, um aumento
proporcional ao tempo de reação (CGM1: 0,39 ± 0,01 e CGM2: 0,53 ± 0,01). Para a GA, o GS
foi determinado apenas para um derivado (AGM2: 0,73 ± 0,08), o que pode estar relacionado às
propriedades adquiridas após a modificação química. Em relação à atividade antibacteriana, a
GC e seu derivado CGM2 apresentaram inibição semelhante contra a mesma cepa. Já o
derivado da GA, AGM2, demonstrou o maior percentual de inibição frente à cepa
Staphylococcus aureus MRSA 43300. Quanto à atividade antioxidante, observou-se um
aumento significativo na capacidade de captura do radical ABTS•+ para os derivados da GA.
No entanto, para os derivados da GC, limitações de solubilidade impediram a realização dessa
análise. Por fim, a hemocompatibilidade foi avaliada por meio do teste em ágar-sangue de
carneiro. Não foram observados halos hemolíticos nas concentrações testadas, o que indica que
os derivados modificados podem apresentar um perfil seguro para aplicações biológicas.