Este trabalho teve o objetivo de construir um inventário participativo do ofício e modos de saber-fazer das ceramistas associadas à Cooperativa de Artesanato do Piauí - COOPERART, localizada no Pólo Cerâmico de Teresina, no Poti Velho, bairro mais antigo da cidade. A comunidade detém referências culturais associadas à terra e ao rio Poti, incluindo celebrações como os festejos em honra a São Pedro, padroeiro da comunidade. O Polo Cerâmico é cenário onde famílias retiram seu sustento da modelagem em argila, uma tradição que atravessa gerações. Apesar da transmissão do saber-fazer, observamos um distanciamento da população mais jovem, resultando na diminuição de ceramistas em atividade. Defendemos que um inventário participativo pode contribuir para produzir conhecimentos e valorizar essa referência, atraindo gerações presentes e futuras. O inventário foi realizado com a participação de oito artesãs associadas à Cooperativa, espaço de resistência dessas mulheres, em sua maioria pretas e pardas, cujas memórias se entrelaça com o território ribeirinho. Usamos métodos e técnicas híbridas de pesquisa, como o material pedagógico de inventários participativos, história oral e pesquisa participante, com foco na pesquisa-ação. Autores no campo do patrimônio cultural e museologia social, como Pinheiro (2015), Varine (2007), Tolentino (2016), Thiollent (1997) e Alberti (2004), são referenciados. Como resultado, construimos um inventário participativo do ofício e modo do saber-fazer das mulheres ceramistas do Bairro Poti Velho.